Sandra foi oló...

                        A todos desejo um ano de muita saúde!!!


Só consigo pensar em minha saúde, dos meus familiares e dos meus queridos amigos.

Minha cunhada, a Sandra , irmã caçula do meu marido foi oló (como diria mestre Simas) .

Sandra fez parte de uma história triste e sinistra onde o câncer de mama , já levou sua mãe, sua irmã mais velha e agora neste fim de ano , levou minha bichinha pro céu.

Eu amava a Sandra , mulata brejeira cheia de vontade de viver e tudo que fazia era tão intenso que envolvia a todos em todos os sentidos.

Adorava samba, festas, cerveja , homens e muitos amigos. Tudo isso ela viveu aos extremos.

Suas paixões eram arrebatadoras, suas festas uma fartura , suas angustias exageradas.

Não consigo deixar de lembrar do seu aniversário de trinta anos. Ela dizia:

- Monca, (Monca mesmo) quero um bolo vermelho em homenagem a São Jorge !

Lá ia eu me virar , pra atender os caprichos de Sandra.

Nesta festa, ela fechou a quadra da Paraíso do Tuiuti , onde Julinho era diretor e dava as ordens:

- Julinho,quero sessenta caixas de cervejas!!!

- Sessenta Sandra ! Você está louca, nós não usamos isso nem para o ensaio da quadra!

Argumentava Julio desesperado, conhecido como o “controlado” da família já prevendo o desperdício.

Na mesma hora Sandra fazia cara de choro e bico e dizendo: - Juinho , é meu aniversário , por favor não me estressa !

Eu e minha amada sogra Madá , (Madá era cozinheira de mão cheia, trabalhava na residência dos donos do restaurante Guimas , sabia como ninguém cozinhar em quantidades) ficamos responsáveis pela feijoada.

Os números nos enlouqueciam , eram dez quilos de arroz, dez de feijão, trinta moles de couve, sei lá quantos de farinha e duas noites inteiras pra dessalgar as carnes e preparar o banquete .

A festa foi boa, muito boa! No final os convidados levavam de brinde potes de feijão com uma caixinha de doze debaixo do braço, aos tropeços.

Sei que temos um filme disto e vou tentar resgatar.
Em minhas lembranças graças a Deus, só ficaram as festas memoráveis.
No seu enterro, Roberta dizia que se ela pudesse falar agora diria :

- Gente nada de chororô , todo mundo bebendo uma e batendo um pagode na palma da mão! Ninguém merece um enterro assim sem graça!

Agradeço a meu Deus ter me proporcionado a oportunidade de passar o Natal com ela , no dia 24 de dezembro ela deu entrada na emergência do Mario Kröeff , fez um procedimento para puncionar um líquido que se criava em seu abdômem e foi liberada. Pedi que a trouxessem para minha casa para eu cuidar dela um pouquinho.

Passou o Natal comigo, Carmen , Bubu e meus filhos .

Foi maravilhoso poder dizer-lhe ainda em vida o quanto eu a amava.

Fazia vitamina, purezinho de legumes, sopinha e ouvia seus lamentos de dor , tentando aliviá-los com amor e carinho. Carmen me ajudava a cuidar dela, visivelmente arrasada. Hugo fazia massagem em suas costas doloridas e orávamos pedindo a Jesus por ela.

No dia trinta Deus a levou, finalizando assim seu enorme sofrimento físico, mas é claro que tão pouco evoluídos que somos , queríamos que ela aqui ficasse e curasse o câncer.

Ela ainda me disse: -Monca , estou lutando contra um inimigo invencível.
Fiquei muda.

Vá com Deus neguinha, tua mãe, teu pai, tua irmã e Madá te receberão com muita festa. Manda um beijo pra eles e diga que temos saudades!

Através dela conhecemos as “Amigas do peito” do qual falarei em um próximo post.

Para 2010, planejo investir todas as moedas em minha saúde. Sandrinha morreu com quarenta e um anos, a ela todo o mês de Janeiro serão dedicadas as minhas publicações.




A luta contra o Câncer!!! Vamos vencer este inimigo Sandra!