sábado, 22 de outubro de 2011

Trabalhar no Centro do Rio de Janeiro, é um privilégio!




“Em qualquer dia do meio da semana que se vá ao Centro da Cidade do Rio de Janeiro, o cenário é sempre o mesmo: pessoas correndo de um lado para o outro, numa desenfreada e frenética loucura urbana, um verdadeiro corre-corre!”    
Fonte: Site Circuito Light Rio Antigo.





Trabalho na Rua Larga, Marechal Floriano e convivo com a história do Rio de Janeiro todos os dias da semana, desde bem cedinho até a noite e por vezes nos fins de semana, como neste domingo, por exemplo, onde participarei da corrida de rua “Light Rio Antigo etapa Cinelândia”.

Eduardo Goldenberg, do Buteco do Edu, costuma dizer que precisamos ter “olhos de ver” no nosso dia a dia, ele junto de  Felipe Quintas do Boemia e Nostalgia,  fizeram um trabalho maravilhoso chamado Tijuca em estado Bruto, sobre as histórias de seu bairro querido. Depois de acompanhar suas publicações, passei observar com mais calma o entorno por onde passo e vivo a maior parte do meu tempo.

Quem me conhece pessoalmente, sabe do meu amor por História e foi muito bom despertar para o fato de que vivia dentro dela e não percebia.

A notícia da revitalização do Centro do Rio atraiu novos comerciantes para  áreas próximas a rua Larga como salões de beleza que possuem aquele layout tipo L’Oréal e todos tem um nome seguido de "coiffeur", porém os centenários como a barbearia da Alexandre Mackenzie,   mantêm em suas  prateleiras a decoração do inicio do século e não se deixa fotografar de jeito nenhum, diga-se de passagem, um dos barbeiros é famoso pelo seu mau humor, mas  convivem “a princípio” de forma harmônica.

Digo “a princípio”, pois já começa a me incomodar a quantidade de lanchonetes chinesas que chegam de mansinho e tomam conta do pedaço, inclusive na própria Rua Alexandre Mackenzie fechou um excelente “bunda de fora” que servia uma porção de salaminho com provolone maravilhosa, regado a limão e azeite português e para os apreciadores de vinho a melhor caneca, um misto de adega com buteco, que nos fazia sentar, meio na calçada e meio na rua, quando entre um copo e outro, éramos obrigados a pular para não ser atropelado por uma van descontrolada. O velho Centro convive bem com a modernidade.

É importante que o projeto, mapeie os nossos centenários, dentre eles,  meu xodó a Casa Paladino, que nasceu em 1906 como um bar-armazém de produtos finos e até hoje se mantém firme na esquina da Rua Marechal Floriano com Uruguaiana preservando a mesma decoração, vale conferir. Suas estantes de madeira reúnem de vinhos a conservas especiais importadas. É um local conhecido pelos trabalhadores da área, que buscam uma das muitas opções de omelete na hora do almoço, ou as porções de frios e queijos após o serviço. Com um chope digno e um clima alto-astral, em meio à mobília antiga, o Paladino é um grande programa.






Lá no centro não tem como evitar, você beberica em frente ao Pedro II, admirando a arquitetura do colégio.

Tem casa Pedro,  Casa Granado (mais longe um pouquinho), Bandolim de Ouro, Chapelaria Esmeralda, Senac e por aí vai...





No beco da sardinha minha empresa promoveu um evento de chorinho com dança de salão, hipnotizando quem tinha “olhos de ver” e sentava de frente a Igreja Santa Rita, a coisa mais linda que já vi em toda a minha vida. A missa lá ... Não sei descrever o que sinto.






O Beco do Bistrô...


No horário do meu almoço, eu posso fazer dança de salão e de vez em quando um bailinho na Stelinha, te mete!!!!!

Vejam só, não andei  três esquinas de onde trabalho e tanta história para contar, se falar do Saara que frequento assiduamente, da Igreja de São Jorge, Rosário & Anastácia, Museu do Negro, Rua do Ouvidor, Rua do Mercado, haja linhas neste post.

Como sofro horrores com o engarrafamento para chegar ao meu trabalho, fico sonhando em morar no Centro. O dia que isso acontecer, nunca mais, eu digo com toda ênfase, nunca mais por todo o resto da minha vida, entro em um ônibus, vou fazer tudo a pé!  Comprar bacalhau no Mundial do Santo Cristo, curtir um sambinha na Lapa ou na Pedra do Sal, tudo a pé, tudo a pé...



Agora, para ficar redondo,  faltava uma praia, porém, confesso sem o menor constrangimento, já fui rata da Praia do Flamengo, vulgo Brejão, posso caminhar ali pela Cinelândia, Glória e na volta também a pé, dou uma paradinha no Amarelinho, para não fugir das tradições.



CORRIDA DE RUA, CIRCUITO LIGHT RIO ANTIGO, aí vou eu!!!! Acho que fotografar mais do que correr!!!






HISTÓRIA DO CENTRO

Fonte: Site Circuito Light Rio Antigo - Raul Melo Neto/Priscila Monteiro

Rios de História



Fundada em 1º de março de 1565, aos pés do Pão de Açúcar, a cidade do Rio de Janeiro vinha sendo alvo da tentativa de colonização francesa para a implantação da França Antártica. O objetivo da fundação era legitimar a soberania lusa na costa brasileira e iniciar a expulsão dos invasores franceses, juntamente com seus aliados, os índios Tamoios. Em 1567, após a vitória portuguesa, o núcleo de povoamento foi transferido para o interior da Baía de Guanabara visando à defesa da mesma. A partir de então foram erguidos os primeiros prédios públicos, as igrejas e fortificações nos Morros do Castelo, São Bento, Santo Antônio e Conceição, cabendo aos primeiros colonos iniciar o desenvolvimento da cidade. O Rio de Janeiro ganha ares semelhantes às antigas cidades portuguesas, com ruas sinuosas, estreitas que contornavam lagoas e pequenos charcos.



As ordens religiosas como os Carmelitas, Beneditinos e Franciscanos chegam construindo capelas, igrejas e monastérios baseados em estilos vigentes em Portugal. O núcleo urbano se estende para uma grande faixa de terra que se localiza entre os Morros de São Bento e do Castelo. Surgem algumas ruas que irão figurar para sempre no cotidiano carioca como a Rua Direita (atualmente Primeiro de Março), Rua São José e Rua da Vala (atualmente Uruguaiana) onde no século XVI se estabeleciam os limites da cidade.



O início do século XVIII é marcado pelas primeiras construções de infraestrutura da cidade, como por exemplo o Aqueduto da Carioca, mais conhecido como os Arcos da Lapa. O Aqueduto trazia água do Rio Carioca nas Paineiras para uma série de chafarizes espalhados pela cidade localizados no Largo da Carioca, Glória, Rua Mata Cavalos (atualmente Riachuelo) e no Largo do Paço (atual Praça XV), este último, ainda no local, foi construído por Mestre Valentim. Como principal porta de saída do ouro descoberto nas Minas Gerais, o Rio de Janeiro cresce e ganha importância aos olhos da metrópole e em 1763, torna-se a capital. A cidade na época contava com 28.000 habitantes e necessitava de modificações nos aspectos sociais, arquitetônicos e sanitários. É dessa época a construção do Passeio Público, do Porto da Gamboa, Mercado do Valongo e do Chafariz de Mestre Valentim.



Em 1808, a chegada da família real portuguesa ao Brasil transforma para sempre a história do Rio de Janeiro. Com ela vieram milhares de integrantes da corte, obras de arte, moda e costumes europeus que influenciaram o dia a dia da cidade. Abertura dos Portos, Real Fábrica de Pólvora, Real Horto Botânico e Imprensa Régia foram algumas ações implantadas pela Família Real que mudaram as nossas condições de vida. Em 1816, é a vez de a missão artística francesa chegar por aqui. Financiados por D. João VI, esses artistas transformaram a arquitetura da cidade ao longo do século XIX, realizando construções inspiradas nos palácios franceses, principalmente os de estilo Neoclássico. Os artistas Joaquim Lebreton, Grandjean de Montigny, entre outros, fundaram a Real Academia de Belas Artes que servia como berço de novos talentos aqui no Brasil. Ainda podemos ver vários prédios que foram erguidos pelos artistas e seus discípulos, como a Casa França-Brasil e a Santa Casa de Misericórdia.



O século XX trouxe a grande transformação que romperia de vez com um Rio de Janeiro arcaico e colonial, o tornando uma metrópole moderna, digna de uma capital federal, um exemplar de desenvolvimento, a “Paris dos Trópicos”. A população carioca era de 500 mil habitantes na época e estas pessoas tiveram suas vidas totalmente transformadas a partir de 1902, com a reforma urbana do Prefeito Pereira Passos, também conhecida como “Bota Abaixo”. A reforma transformou a cara do centro da cidade com aterramentos, com a abertura de vias largas e modernas, os grandes bulevares, como a Avenida Central ( hoje Rio Branco), construindo enormes palacetes, mas gerando também o deslocamento de moradores locais para bairros distantes, o desaparecimento de antigas vias estreitas, de vários cortiços e Igrejas na área portuária. Nas décadas seguintes suas reformas recebem continuidade e ocorrem os desmanches do Morro do Castelo e de Santo Antônio. Suas terras foram utilizadas para vários aterramentos sendo os mais marcantes o Aeroporto Santos Dumont e o Aterro do Flamengo.



A última grande reforma realizada no centro da Cidade foi a abertura da Avenida. Presidente Vargas que destruiu quarteirões inteiros, quatro igrejas seculares, desapareceu com ruas e separou a antiga Rua Larga do tradicional centro comercial do Saara. Parte da Praça da República foi destruída e a Praça Onze eliminada. Arranha-céus substituíram a antiga arquitetura local, a nossa cultura não receberia mais a influência francesa e sim norte-americana. A antiga estação ferroviária Dom Pedro II foi substituída pela Central do Brasil, que com seu monumental relógio de quatro faces é o exemplo da transformação mais marcante localizado nesta área.

2 comentários:

  1. Adorei!!! O centro do Rio tem realmente muitas construções que fazem parte da nossa história. Mas pega leve na corrida...rsrsrsrs

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  2. Jacque meu amor, estou devagar quase parando, no quesito "corrida", bem consciente para não quebras as pernas , rs, Mas... você reparou que o sanduíche do Paladino tem uns vinte dedos de salaminho ??!!

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